Aprenda a fazer esta verdadeira relíquia das quitandas do Vale do Rio Jequitinhonha. A cavaca era uma das referencias nas recepções requintadas da sociedade local, tradição que está se perdendo. Importante preservar esse patrimônio cultural da história dos 300 anos de Minas Gerais. Vamos resgatá-la? Experimente!
Cavaca
Da Série: Quintais e Quitandas de Minas Gerais*
Ingredientes:
– 500 g de farinha de trigo
– 500 g de açúcar refinado
– 1 ovo
– 2 colheres (sopa) de álcool
– 3 xícaras (chá) de água
– 2 colheres (sopa) de manteiga, mais o suficiente para untar o tabuleiro
– 2 xícaras (chá) de leite
– 1 pacote (100 g) de confeitos coloridos
Material
– Cilindro para massas
– Carretilha para massas
– Tabuleiro
Modo de Preparo:
Em uma vasilha, misturar a farinha, o ovo, o álcool e o leite. Amassar bem, até obter massa firme. Deixá-la descansar, coberta, por 30 minutos. Dividir a massa em porções do tamanho aproximado de 8cm de diâmetro, abrir com um rolo e passar pelo cilindro, até obter um retângulo de espessura bem fina e cerca de 10cm de largura. Dobrar a extremidade do menor lado da massa, de modo que a dobra fique com cerca de 1cm de largura.
Com carretilha, cortar essa dobra e, nela, fazer quatro cortes transversais, como se fossem escamas. Curvar a massa no formato de meia-lua. Repetir o processo para cada cavaca e levar todas para assar em forno médio por 15 minutos. Em uma panela, levar ao fogo o açúcar e uma xícara de água. Quando a calda der o ponto de fio (quando se forma um fio ao escorrer da colher), deixar a panela em banho-maria.
Mergulhar as cavacas aos poucos e, em seguida, passá-las nos confeitos coloridos.


*Receita fornecida por Lindaura Afonso de Aguilar, de Jequitinhonha para o Projeto Sabores de Minas


Quitanda refinada
Quem vê o biscoitinho de massa frágil e formas delicadas sequer imagina que, em outras épocas, ele já foi sinônimo de status na sociedade de Jequitinhonha. A cavaca, como é chamada a quitanda, é uma verdadeira relíquia e quem conta um pouco dessa história é uma das últimas quitandeiras da cidade a prepará-la. “Antigamente, se um casamento tinha cavaca, era porque era de gente chique”, lembra Lindaura Afonso de Aguilar.
Aos 83 anos, a cozinheira lamenta o fato de não dar conta de tantas encomendas como antigamente, mas por vezes abre exceções e tira das gavetas todo seu material de cozinha. A receita é simples e o segredo está no preparo, que exige calma e sensibilidade. Para dar continuidade à tradição, Lindaura passou todo o conhecimento à filha de criação, Alvina. A quitandeira reclama que já não haja festas como antigamente e diz que, com isso, as cavacas perderam um pouco do seu charme.
Ainda assim, é só perguntar a qualquer pessoa da cidade sobre o biscoito, que todos se derretem. Da senhora de mãos habilidosas, fica o singelo apelo para o resgate do símbolo de uma culinária que causa suspiros pela sutileza do preparo e pelo sabor.
Mapa dos Territórios Gastronômicos de Minas Gerais: O município de Jequitinhonha está localizado no Território Rios/Rio Jequitinhonha


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