Por Isabel de Andrade*
O momento é delicado. É de medo, é de incertezas e de cuidado. A pandemia do coronavírus que afeta o mundo inteiro, começou a ser sentida e percebida principalmente esta semana no Brasil. Foi quando o Ministério da Saúde anunciou as medidas necessárias para conter o avanço da doença e evitar que os casos atinjam o pico para que não haja um colapso na saúde. A economia foi afetada em todos os níveis e não tem sido diferente com o setor de bares e restaurantes. Diante da gravidade da situação, os empresários e chefs do segmento também foram pegos de surpresa e, aos poucos, se posicionam e tomam as devidas medidas para ajudar nessa frente de combate à doença.
Leo Paixão, um dos chefs e empresários mais respeitados do setor fez um apelo carregado de informações importantes. Proprietário do Glouton, Nicolau Bar da Esquina e Nico Sanduíches, com sede em Belo Horizonte, Leo orientou que os demais empresários de restaurantes, bares e negócios do segmento fechem as portas o mais rápido possível para ajudar a conter a propagação da pandemia. Como médico, ele ressaltou que a situação é muito grave e que é imprescindível que o setor se antecipe ao governo tomando a decisão de interromper as atividades imediatamente em todo o país. Segundo ele, a tendência é que a situação se agrave e ninguém vai conseguir ter lucro nesse período. “O mais importante nesse momento é se isolar e não sair de casa”, orienta o chef e médico.
O chef Felipe Bronze, proprietário do Pipo Restaurante, que fica nos Jardins, em São Paulo, também decidiu paralisar as atividades. A casa ficará fechada por tempo indeterminado. A medida foi tomada com o objetivo de resguardar os clientes, colaboradores e familiares. “Vamos nos recolher, mas temos fé e otimismo de que voltaremos mais fortes ainda”, informa o chef.
Em Belo Horizonte, o chef Felipe Rameh, proprietário do Alma Chef, também se reuniu com a equipe e optou por manter a casa comercialmente fechada a partir da quarta-feira, dia 18 de março. A medida preventiva contra o avanço do coronavírus foi tomada porque, para o empresário, o cuidado, a saúde e o bem estar de clientes e colaboradores são prioridade. Ele explicou que a decisão foi tomada independentemente do posicionamento das autoridades oficiais envolvidas no gerenciamento da crise do Covid-19. “A gente não pode esperar para zelarmos por nós e por vocês, tendo em vista a série de desafios que o Brasil já está tendo no momento”, explica a equipe do restaurante.
Já outros chefs
decidiram manter os estabelecimentos abertos e implantar medidas que atendam às
determinações da Organização Mundial de Saúde, OMS, e Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, Anvisa. Foi o caso do chef Alex Atala, que optou por
manter os restaurantes D.O.M., Dalva e Dito e Mercadinho Dalva e Dito abertos
mediante medidas de segurança. O chef explicou que os atendimentos ficarão
restritos a 50 pessoas no almoço e 50 pessoas no jantar tanto no D.O.M quanto
no Dalva. A distância entre as mesas foi ampliada para, pelo menos, um metro.
Todos os utensílios utilizados passaram a ser esterilizados na frente dos
clientes. Já no Mercadinho, o sistema de entrega em domicílio continuará
funcionando normalmente. “Estamos atentos e seguiremos qualquer nova recomendação
das autoridades sanitárias”, se posicionou Atala.
A Casa do Porco, em São Paulo, também continua funcionando, mas de forma restrita. Desde terça-feira, 17 de março, o chef Jefferson Rueda, proprietário do restaurante, decidiu atender apenas pelo sistema de reserva por tempo indeterminado. O número de clientes foi limitado à metade da capacidade. O espaço entre as mesas também foi ampliado. A casa ainda disponibiliza álcool em gel em locais de fácil acesso para facilitar a higienização das mãos de clientes e colaboradores. O chef Jefferson Rueda lembrou que o restaurante possui o serviço de delivery via aplicativos de entrega e estimula os clientes a utilizá-lo. “Estamos acompanhando as resoluções tomadas pelos órgãos oficiais de saúde e em diálogo constante com o Governo do Estado de São Paulo e reavaliando a situação diariamente”, explica o chef.
Em Belo Horizonte, o restaurante Roça Grande mantém o funcionamento de acordo com as orientações dos órgãos oficiais. A proprietária, chef Mariana Oliveira Gontijo, informou que os equipamentos, mesas e acentos são sanitizados a cada utilização. São disponibilizados sabão, água, toalhas de papel e álcool em gel para todos os clientes. O restaurante não vai atender com lotação máxima e nem com fila de espera. A chef ainda incentiva os clientes a fazer os pedidos via delivery e, inclusive, oferece um desconto de 10% para quem utilizar o serviço. “Acreditamos que o fechamento definitivo e eventuais demissões em massa e abandono aos produtores trariam consequências desastrosas para nós e para as muitas famílias que dependem do nosso trabalho, o que aumentaria ainda mais a crise social e de saúde pública”, finaliza a chef Mariana Oliveira Gontijo.
Visando à redução dos impactos econômicos sobre o setor, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, Abrasel, estuda junto aos governos federal e estaduais, além do Sebrae, medidas como a suspensão temporária do pagamento de impostos e o parcelamento. Para evitar o desemprego, a proposta é que o governo passe a arcar com parte dos salários dos colaboradores e que o valor seja descontado dos impostos futuramente. A Abrasel também vai buscar a criação e a facilitação do acesso a linhas especiais de crédito. Como a tendência é que o segmento de delivery aumente, a entidade tenta renegociar a redução temporária das taxas pagas às empresas que prestam esse tipo de serviço. Na quarta-feira, 18 de março, a entidade anunciou um acordo com o iFood. Ficou decidido que o repasse para as empresas vai ser reduzido de 28 dias para uma semana. Segundo a Abrasel, devem ser injetados R$ 600 milhões em capital de giro no setor de alimentação fora do lar. “Temos certeza de que o governo federal e os estaduais estão bastante sensíveis para a situação diferenciada do nosso setor, que é formado por um conjunto enorme de pequenas e médias empresas que não têm a capacidade da grande empresa de financiar e buscar recursos para superar este momento”, explica o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci.
Confira o vídeo gravado pelo chef Leo Paixão sobre as medidas necessárias para conter o avanço do coronavírus.
Aprenda a preparar essa receita vegetariana inspirada na culinária latina.
Cachaça envelhecida e açúcar mascavo em uma outra versão desse drink tradicional.
Conheça o mais novo restaurante que está brilhando no sul do Pará. Minerai, da chef…
Começa nesta sexta-feira, 02/09, em Pequi o Festival Gastronômico Serra Rio do Peixe. A cidade…
Chef mateiro se encanta com a diversidade do Território Sudeste do estado do Pará. Confira!
Ver Comentários
Já era. O prefeito mandou fechar todo o comércio a partir do dia 20 de março.