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Chef Alex Atala discute o futuro do alimento

Por Isabel de Andrade*

Começou em São Paulo mais uma edição do “Fruto, diálogos do alimento”. Durante três dias, chefs de cozinha e profissionais das mais diversas áreas vão discutir a alimentação, os problemas, os desafios e soluções que devem ser aplicadas em prol da sustentabilidade. O encontro, que começou na sexta-feira, dia 24 de janeiro, e vai até domingo, 26 de janeiro, é organizado pelo chef Alex Atala e pelo produtor cultural Felipe Ribenboim.

Chef Alex Atala e o produtor cultural Felipe Ribenboim promovem o encontro ( Foto: reprodução Instagram)

Para entender a profundidade dos temas propostos é preciso relembrar o engajamento do chef Alex Atala na defesa do meio ambiente e como ele implementa esses princípios na gastronomia. Atala privilegia em sua cozinha ingredientes brasileiros cultivados pelo pequeno agricultor em comunidades ribeirinhas ou produtos regionais para que seja estimulada a cultura local. Com essa filosofia de trabalho, o chef é um dos pioneiros no conceito da gastronomia sustentável no Brasil.

Antes da abertura do evento, o chef Alex Atala levou os participantes para uma visita à Fazenda Santa Julieta Bio, que fica em Santa Cruz da Conceição, no interior de São Paulo. Um grupo formado por jornalistas, palestrantes, chefs e convidados passou um período na propriedade para experimentar os pratos preparados só com alimentos orgânicos e se conectar com uma forma de produção sustentável.

Grupo de participantes em visita à fazenda Santa Julieta Bio ( Foto: reprodução Instagram)

Entre as discussões feitas durante o primeiro dia da terceira edição do evento, destaque para a importância de se lançar um olhar mais minucioso para os alimentos considerados commodities e como isso pode estar ligado ao uso de agrotóxicos para que a produção seja ampliada e o lucro, também. O tema foi tratado pela doutora em Geografia, Larissa Bombardi. Um exemplo, segundo ela, é o plantio desenfreado de soja, cana-de açúcar e eucalipto. Esse tipo de cultura que tem o objetivo de atender à economia mundial afeta a biodiversidade de regiões enormes no Brasil.

Com isso, de acordo com Larissa, surge um problema de segurança alimentar. As áreas de cultivo de arroz, feijão, mandioca e trigo, quatro pilares da alimentação no Brasil, foram reduzidas drasticamente. Regiões utilizadas para o plantio de arroz e feijão diminuíram mais de 40% nos últimos anos, informou a doutora. E um dado preocupante: o Brasil importa feijão há 10 anos.

A especialista Larissa Bombardi falou sobre os danos provocados pelo uso de agrotóxicos ( Foto: reprodução Instagram)

Outra pegada da discussão foi a importância de se investir na economia circular. A representante da Fundação Ellen MacArthur no Brasil, Luisa Santiago, explicou como esse conceito pode ser aplicado aos alimentos. A ideia é descontruir o modelo linear de economia, que se baseia em retirar recursos da natureza, sendo que grande parte deles é desperdiçada.

A economia circular, de acordo com Luisa, se baseia em três princípios: eliminar a noção de resíduo e destruição; manter materiais em uso, que é pensar os múltiplos usos dos materiais; regenerar sistemas vivos, em que o segmento da alimentação tem o maior potencial de atuação. Segundo Luisa, redesenhar o sistema alimentar atual é uma necessidade. E ela mencionou que a cada US$ 1 gasto em investimento no sistema alimentar, a sociedade desembolsou US$ 2 para reparar os danos provocados ao meio ambiente.

O encontro, que vai até domingo, 26 de janeiro, deve reunir cerca de 20 palestrantes em torno do tema alimentação e sustentabilidade. No último dia, o evento será aberto ao público e entrada vai ser gratuita. O ingresso deve ser retirado uma hora antes da abertura. Todas as discussões estão sendo transmitidas pelo YouTube.

Serviço:

Local: Rua Oscar Freire, 2.500, Sumaré, São Paulo.

Site: fru.to/2020/programacao/

YouTube: Canal Fruto

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