Por Isabel de Andrade*
Técnica e cultura caipira são a essência da cozinha da chef Mariana Gontijo. No restaurante O Tacho, ela valoriza os ingredientes típicos do cerrado e prioriza como fornecedores os sertanejos, quilombolas, cooperativas, agricultores e agricultoras familiares.
Mariana se debruçou sobre um trabalho intenso de pesquisa. Ela participou do Encontro Nacional dos Povos do Cerrado em Brasília, onde conheceu vários produtores e teve a chance de testar os produtos típicos do bioma. E, na Chapada dos Veadeiros, fez um curso de identificação botânica e do uso dos produtos do cerrado na cozinha.
O resultado desse trabalho foi a criação de um cardápio temático para o restaurante O Tacho. O menu à la carte foi batizado de “Caminhos do Cerrado”. Foram criados sete tipos de entradas, sete opções de pratos principais e quatro sobremesas.
Uma das opções de entrada é o prato “Tripa Frita”, em que são servidos terrine de miúdos, tripas fritas e brotos com molhos e compota de jabuticaba. Outra alternativa é a “Quitanda”, com rosca caseira tostada na manteiga, coalhada seca, melado de cana e azeite. Tem também gamela de frios, coxinhas com creme verde de pequi e inhame.
Como prato principal, o cliente pode escolher, por exemplo, o Peixinho na mentira, Refogado, Arroz de galinha da Angola, Tutu tonto com leitão, Pé de porco recheado, Peixe de rio. A chef também preparou uma releitura do tradicional tropeiro e incluiu no cardápio uma receita vegana.
A valorização dos ingredientes regionais é muito forte também na preparação das sobremesas. A torta de chocolate mineiro leva uma calda de tamarindo. O sorvete é preparado com baunilha do cerrado. Outra opção é uma degustação de doces feitos com ovos, como quindim, ambrosia, lambedor e fios de ovos. E tem ainda o arroz doce vegano.
A mineiridade também está presente na carta de bebidas. Estão disponíveis cervejas especiais Verace, cachaças de Moema, Passa Quatro e Bom Despacho, além de vinhos mineiros. Destaque para um drink especial chamado “Um brinde à Lagoinha”. A caipirinha é feita com cachaça de Moema e cagaita, um fruto típico do cerrado. O nome do drink é uma homenagem à região da Lagoinha, reduto da boemia na capital mineira, e às raízes do bairro Carlos Prates, onde está localizado o restaurante.
A escolha do nome “O Tacho” não foi por acaso. A intenção é valorizar um dos objetos mais significativos da cozinha mineira onde são preparados doces e outras receitas que fazem parte da identidade gastronômica do mineiro. “O Tacho é símbolo de fartura, da alegria da celebração, da oralidade do entorno da comida e do ato de compartilhar o alimento. É esse o conceito do nosso restaurante, que pretende proporcionar uma bela experiência para o público”, explica a chef.
O Tacho é o segundo restaurante da chef Mariana Gontijo na capital mineira. Ela também é proprietária do Roça Grande, que serve uma opção por dia do tradicional Prato Feito. No novo empreendimento, ela tem como sócios Igor Fernandes e Maria Celeste. “Quem já conhece o Roça Grande vai sentir como se ‘O Tacho’ fosse o caipira em roupa de domingo. E é isso mesmo, o Roça nasceu no interior, em Moema, junto comigo, mas o Tacho nasceu dentro do Roça”, finaliza a chef Mariana Gontijo.
Serviço:
Endereço: Rua Patrocínio, 01, Carlos Prates – Belo Horizonte
Funcionamento: quinta a sábado, de 19h à meia noite. Domingo, de 12h às 16h.
Contato: (31) 3110-8802
Instagram: @otachobh
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Abriu um restaurante em uma casa muito bonita e uma praça espetacular no Carlos Prates (praça pisa na fulô). Com muita sorte e competência ela conseguirá reerguer esse ponto da cidade um pouco marginalizado. Assim como Juramento 202, Mercado Novo, Maleta e tantos outros reergueram-se !!!! Muita sorte à Mariana Gontijo.