Conheça mais sobre um dos mais saborosos frutos do nosso cerrado brasileiro.
Por Lucas Mourão*
Fruto amarelo, super aromático, de sabor doce ácido que lembra uma mistura de manga, pitanga e maracujá, só aparece pelo Mercado Central entre setembro a novembro de cada ano…estou falando da cagaita, esse fruto precioso do nosso Cerrado, símbolo da primavera mineira, junto de outros frutos do Cerrado também: mangaba, jatobá, murici…frutos cada vez mais raros de se ver nas grandes cidades do estado, e pouco conhecidos pelos jovens.
No caso da cagaita parte dessa dificuldade vem do fato de ser um fruto bem perecível, ou seja, sofre com o transporte (fruto muito delicado) e com a pouca durabilidade fora da geladeira. Geralmente são colhidas “de vez” para aguentar chegar nos mercados e também por um outro motivo bem curioso: os frutos bem amarelos, maduros, principalmente quando colhidos do chão, são extremamente laxantes, motivo pelo qual a fruta recebe esse nome popular hahah, e seu nome científico também dá um indício do seu poder sobre o intestino: Eugenia dysenterica. O mais curioso é que suas folhas e casca têm exatamente o efeito contrário dos frutos maduros: elas têm efeito contra diarréia e problemas intestinais.
Seus usos tradicionais são através de sucos, licores, sorvetes, picolés, doces e geleias, inclusive publiquei outro dia no perfil da Jaca Verde no Instagram sobre uma senhora da Serra do Cipó, Dona Geni, que ainda mantém a tradição de fazer geleia com frutos do Cerrado, dentre eles a cagaita e a mangaba. Mas podemos usar a cagaita de várias outras formas criativas, como por exemplo em caipirinhas e drinks alcoólicos, como recheio de doces e tortas, em chutneys e molhos agridoces, como picles, saborizando kombuchas, como vinagre, etc.


Além de produzir frutos incríveis e deliciosos a cagaiteira tem uma árvore belíssima que, na sua época de floração, cai todas as folhas e fica toda branca, parecida com o ipê branco. Suas flores também atraem muitas abelhas polinizadoras. Seria muito interessante usá-la mais no paisagismo urbano, principalmente em parques e praças, como forma inclusive de valorizar sua importância e necessidade de sua preservação, assim como a do Cerrado como um todo.
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Lucas Mourão
Educador e paisagista. Formado em Relações Econômicas Internacionais, se encantou com a Agroecologia em 2015, e desde então trabalha com o tema através de cursos, oficinas e consultoria direcionadas ao conhecimento e uso das plantas alimentícias não convencionais (PANC) na alimentação e nos jardins. É diretor e idealizador da Jaca Verde Panc, por meio da qual trabalha a agroecologia e biodiversidade através da educação.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
Seria legal falar também da “uvaia”, ou “orvalha”, ou “uvalha”…. tem as mesmas características da cagaita….