Por Paula Dias e Elisa Caponi
Colher café nas montanhas é uma tarefa árdua. A colheita começa junto com a chegada do inverno, e subir de manhã bem cedo naquele frio, enfrentando cansaço de montanhas íngremes, coletar e subir até a estrada para que o trator possa recolher, não é fácil.
Mas esta é a época em que mais se faz dinheiro na roça! E por incrível que pareça, com toda dificuldade, é o período mais divertido nos cafezais! Esposas se unem aos maridos para colher mais “medidas”, as crianças sobem com seus brinquedos e ficam sempre por perto. O que se escuta é uma mistura de canto das mulheres, barulhinho de brincadeiras infantis e muita alegria.
Veja Também: Chefs e baristas adotam o café
Envolvida por essa atmosfera, resolvi colher café com nossos funcionários e fazer piquenique nas sextas-feiras com as crianças de férias. O povo na roça é muito simples, no início foi estranho para eles uma pessoa tão urbana dando um show de confusão no alto do cafezal. Posso dizer que caí de todas as formas, era peneira voando montanha abaixo, tombo sentada, de frente, de lado, até que eu desisti de colher em pé e resolvi colher sentada – o que virou motivo de piada.
Descobri um mundo novo: o som da fruta sendo arrancada do pé, o barulho do vento nas árvores, trator lá embaixo, os barulhos das derriçadeiras distantes, mulheres cantando, criança. Ao ganhar a confiança daquelas famílias fui descobrindo antigas tradições e grandes histórias.
Numa tarde de sábado logo após a colheita, ofereci aos funcionários uma novidade que acabávamos de lançar – o licor de café com cachaça. Para minha surpresa, aquilo não era novidade nenhuma, era “Roxo Forte”!
Um fato interessante que descobri através do seu Dito Madô, é que o pessoal na roça, de manhã cedo, para aguentar a friagem subindo para lavoura, fazia um café bem forte, colocava bastante açúcar e “chorava” cachaça!
Na roça o povo usava muito pinga com café, mel e alfavaca para curar friagem, resfriado e até mesmo doenças crônicas. O fato é que tudo se resumia em uma boa desculpa para se tomar cachaça.
O Roxo Forte é uma mistura de pinga (cachaça) e café quente bem forte com bastante açúcar, duas bebidas tipicamente brasileiras que trazem tradição e história de grande importância cultural, social e econômica para nosso país.
Ao oferecer o licor de café com cachaça pensando ser uma novidade, descobrimos que é bastante conhecida entre o povo mais antigo de nossa região.
Fico encantada ao saber como duas bebidas com história e simplicidade, combinam tanto. Uma delas está no dia a dia da família, que tomamos no café da manha, após o almoço e na parte da tarde, e a outra é servida como aperitivo. Ambas são bastante populares e respeitadas.
Ao misturar essas bebidas de personalidades forte, percebemos o quanto combinam com a nossa gastronomia. Elas harmonizam perfeitamente com pratos doces e salgados, e o sabor é extremamente nosso, tipicamente brasileiro – café e cachaça!
E aí, vai um roxo forte?
Paula Dias
Grandpa Joel´s Coffee
Elisa Caponi
Grandpa Joel´s Coffee
Aprenda a preparar essa receita vegetariana inspirada na culinária latina.
Cachaça envelhecida e açúcar mascavo em uma outra versão desse drink tradicional.
Conheça o mais novo restaurante que está brilhando no sul do Pará. Minerai, da chef…
Começa nesta sexta-feira, 02/09, em Pequi o Festival Gastronômico Serra Rio do Peixe. A cidade…
Chef mateiro se encanta com a diversidade do Território Sudeste do estado do Pará. Confira!