Por Eduardo Avelar
Olá amigo da cozinha,
vou contar a você sobre um milagre que, por motivos de segurança, vou omitir as identidades e os endereços dos “santos”, mas eu garanto que a história é verídica!
Um verdadeiro tesouro foi descoberto pela equipe dos Territórios Gastronômicos na cidade de Teófilo Otoni, no Território do Mucuri-MG
No subsolo de uma construção de 1927, encontramos um dos mais inusitados templos para o culto da boa cachaça, guardado a sete chaves por um grupo de apaixonados e verdadeiros guardiões da cultura alcoólica do país.
Ha mais de trinta anos um grupo de amigos que se reunia frequentemente, ou melhor, pelo menos todos os sábados num determinado boteco da cidade, teve a notícia de que o referido estabelecimento, que não por acaso era o local escolhido pelo grupo, pois detinha a maior coleção de cachaças que se tinha conhecimento, decidiu fechar as portas.
Com receio de ficarem sem suas incontáveis opções de boa cachaça os irmão Lewicki tiveram uma iluminada explosão cerebral criativa, e porque não oportuna, resolvendo arrematar todo o estoque.
E motivos convincentes não faltavam. Para os apreciadores das caninhas de qualidade, segundo relatos dos “illuminati”, eram raros os bares da região que ofereciam cachaças de qualidade, e com receio de ficarem sem seu porto seguro, resolveram preservá-lo.
Convencidos de que foi designo divino a resolução do amigo botequeiro, e não por obra do acaso, fizeram a oferta.
Assim, o primeiro problema estava resolvido, mas como fazer para armazenar todas aquelas centenas e milhares de garrafas antigas e de todas as origens, tipos de madeira e idades?
Lembraram então do porão da casa de seus pais, um imigrante polonês que se estabeleceu na cidade das pedras preciosas e construiu uma obra de arte da arquitetura de época.
E sob aquele paraíso preservado pela família, inclusive com mobiliário, lustres, cristaleiras e outros detalhes maravilhosos, existia um porão, de difícil acesso e fechado, talvez desde sua construção.
Resolveu-se então que ali seria o local do ‘oráculo”, onde os amigos poderiam seguir seus encontros para resolver os problemas da humanidade e outros assuntos de sua fé advinda dos efeitos do suco sagrado da cana, ou sua água benta de todos os sábados.
E foi assim que, com um mutirão a várias mãos, pouco mais de trinta anos atrás iniciou-se uma nova confraria com poucos e privilegiados membros assíduos, com objetivos nobres, além de raros e ilustres convidados. Esses “abençoados” confrades, além de simplesmente colecionar garrafas com seus líquidos preciosos e rótulos empoeirados, degustam é claro!.
Sabiam os amigos visionários, que um dia, por mais difícil que fosse sua missão, o estoque poderia começar a apresentar espaços vazios nas prateleiras…
Então surgiu a ideia de criar seus rótulos próprios, com produções originárias de alambiques de confiança, cujos líquidos receberiam os devidos cuidados de envelhecimento em diferentes barris, blends específicos e outros segredos para se obter produtos diferenciados.
Objetivo nobre também foi o de armazenar e propor a venda a preços subsidiados do excedente de suas criações para bares desprovidos de cachaças de qualidade, para que outros apreciadores, clientes desses estabelecimentos desafortunados pudessem apreciar produtos especiais e de procedência ilibada.
E desde então, todo sábado, faça sol ou chuva, apesar desta última ser fato raro por lá, o grupo de amigos, confrades e guardiões da cultura “cachacística” brasileira se reúne para reverenciar Baco, ou melhor, “Bacana” * , e degustar a “água benta”, motivo maior de sua crença e religião.
*(Se Baco é Deus do vinho, “Bacana”….é o Deus brasileiro da cachaça de cana)
E tudo isto sob a proteção e a vigilância implacável da cadelinha da casa, de nome “Pinga”, que não permite intrusos ou curiosos sem a devida credencial de convidado ilustre e convertido.
Pois, é amigo, muito honrado com a deferência do credenciamento para participar de uma sessão para consertar o mundo no “oráculo”, me sinto mais feliz e orgulhoso de poder, mesmo que por apenas algumas doses e filosofadas, ajudar e trazer alegria aos meus semelhantes, pelo menos contando esta história, a qual garanto ser verídica!
Saudações gastronômicas!
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Que maravilha Eduardo , você captou de maneira su generis a atmosfera da adega Lewicki! ????????