Expedição Serra da Mantiqueira - Circuito Gastronômido da Pampulha ©2019 Foto: @nereuJr
Por Eduardo Avelar
Um paraíso escondido entre as montanhas de Aiuruoca
Aiuruoca, que significa casa do papagaio em tupi-guarani, é certamente um dos mais abençoados municípios desta linda região da Serra da Mantiqueira.
As montanhas e vales parecem desenhados para surpreender a cada curva da estrada, a cada vista de vale ou a cada impacto com montanhas exuberantes.
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A paisagem mais marcante é o Pico do Papagaio, imponente fortaleza que conta a história desta região e emana toda a sua energia, juntamente com cachoeiras e trilhas deslumbrantes.
E para nossa alegria, nesta etapa da viagem, em cada surpresa da natureza para os olhares e os espíritos deslumbrados, surgiam algumas jóias gastronômicas, que garimpamos e degustamos devidamente.
Em uma dessas curvas da natureza, chegamos a um lugar único e mágico: O Vale do Matutu.
Como já estávamos há algumas horas sem comer, apesar dos queijos e mais queijos, azeites e mais queijos, seguimos para a Vila Maria, onde nos esperavam a Tia Iraci e sua feliz equipe de cozinheiros e atendentes com um banquete da terra.
Mesmo cansados pela maratona enfrentada no longo final de semana de feriado prolongado com casa cheia, que terminara no dia anterior, a equipe do restaurante já nos aguardava como se a festa ainda estivesse para acontecer.
Impecável a montagem do fogão a lenha, com as panelas e travessas traduzindo o DNA de cada canto do terroir ou as Identidades Gastronômicas locais com um mosaico de cores, aromas e sabores da Mantiqueira.
Verduras e legumes coloridos, carnes, franguinho caipira, daqueles com cigarrinho de palha no bico, farofinhas apimentadas ou não, angus e outros cremes nascidos, criados e transformados naquele cenário, perfumados com queijinhos e ervas do jardim e temperados pelas mãos mágicas das cozinheiras, comandadas pela Tia Iraci.
Não vou descrever cada prato, pois vocês não teriam tanta paciência, saliva e tempo para perceber cada um sem chorar à distância, como se faz necessário para quem, como nós, lê com a imaginação, sentindo texturas, gostos e as lembranças a que cada experimento desses nos remete.
Tem que vivenciar, portanto, não se esqueçam de colocar este destino em sua próxima viagem pelo Sul de Minas. Na Vila Maria, no Val e do Matutu, quando reservado com a devida antecedência, existem chalés para hospedar os visitantes.
Não faltaram as cervejas artesanais locais e, é claro, aquela cachacinha para harmonizar com o torresmo e com toda a emoção.
Unanimidade na expedição: lugar com gosto de “vou voltar”.
Comida no papinho… Pé no caminho e seguimos para o próximo pit stop, bem ali ao lado (e não é “ali” de mineiro, pois é bem perto), onde nos esperava o casal de produtores e ex-publicitários paulistas Ale Matar e Katia Alqualo. Eles nos apresentaram suas geleias maravilhosas de frutas vermelhas frescas nascidas e criadas por ali.
Criadas sim. Vocês podem achar estranho, mas a maneira como o casal cuida dessas frutinhas não se trata de cultivar simplesmente, mas de criar com carinho de filhos, de maneira natural e sem agrotóxicos.
Já era um pouco tarde, pois o almoço se estendeu, e o sol já havia se escondido atrás das montanhas comandadas pelo Pico do Papagaio, mas não fez falta a luz. Iluminados por um céu repleto de estrelas, degustamos as deliciosas geleias e até uma mostarda (criação nova da casa), ouvindo o relato orgulhoso dos pais das crianças.
Pena que não deu para visitar as plantas, pois estava escuro. Mas este é um programa que sempre alegra aos visitantes, que podem ajudar nas colheitas (que ocorrem na segunda quinzena de novembro), degustar in natura, ouvir informações técnicas sobre cultivo, poda e acompanhar a produção das geleias.
Mais comprinhas e partimos pelas curvas da estrada de terra por mais de uma hora para o golpe final na gula deste primeiro dia de maratona.
Um breve cochilo embalado pelo balanço das curvas da estradinha de terra e chegamos à pequena Alagoa, onde já nos esperava em sua casa Osvaldo Filho, ou Osvaldinho, como é conhecido este personagem que colocou os produtores da região no mapa mundial do queijo com sua boutique, um verdadeiro paraíso de queijos artesanais com certificação d’Alagoa.
Osvaldinho, certamente, é um dos mais importantes personagens deste segmento queijeiro em Minas e no Brasil, cuja história de sucesso é um caso a ser descrito à parte.
Mas resumindo um pouco, este filho de produtores resolveu, há anos, dar uma sacudida na vida e inventou de vender queijo pela internet.
Coisa de maluco, como quase todo mundo pensou na época. Mas hoje as vendas das joias produzidas na pequena Alagoa e região e, principalmente, a promoção internacional são um sucesso demonstrado pelos diversos prêmios nacionais e internacionais conquistados.
Em breve, traremos esta história de sucesso do Osvaldinho com detalhes para vocês.
Ainda bem que era a última etapa, pois as compras quase não couberam no pequeno ônibus. Este já apresentava sinais de fadiga na suspensão rebaixada pelo peso a bordo, e teria ainda uma longa subida pela frente nas montanhas da Mantiqueira até chegar a São Lourenço, nosso próximo pouso para descanso.
E acreditem, amigos, ainda nos esperava um jantar na pousada Vila Chico Hotel Fazenda, cujos proprietários nos aguardavam cheios de histórias e sabores com o cardápio da noite.
“Trem” de gente doida, ou melhor, “sacos sem fundo” como dizia minha avó.
Então, amigos, por hoje acho que está de bom tamanho!
Na próxima etapa, partiremos para as mágicas águas minerais da cidade, aos doces para todos os gostos e aos requeijões do Laticínios Miramar, onde começou a história do famoso Catupiry.
E viva o Território da Mantiqueira!
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